Um bebé que sinta desconforto físico devido a forças retidas do parto tende a procurar formas para reduzir esse desconforto, e fá-lo tentando mudar constantemente de posição.

Não conseguindo o recém-nascido mudar de posição sozinho, rapidamente descobre que ao chorar consegue que o peguem ao colo ou que o mudem de posição, ficando assim mais confortável.

Nas primeiras semanas os recém-nascidos tendem a preferir certas posições, tais como: o colo, o movimento de embalar ou o colo em movimento.

Com o crescimento, qualquer desconforto na posição deitado, devido à pressão da almofada ou do colchão no crânio e ou no pescoço, incentivam o bebé a aprender a mexer-se e a mudar de apoio rapidamente.

Estes bebés são frequentemente os primeiros a atingir metas de desenvolvimento motor (sentar, gatinhar e andar cedo). A rapidez com que atingem estas metas nem sempre é sinónimo de um bebé avançado, podendo por vezes ser tão só uma resposta natural ao seu desconforto.

Os pais normalmente notam que são bebés mais felizes em movimento e tendem a ter alguma dificuldade em ficarem quietos.

O tratamento osteopático tem formas de libertar estes efeitos mecânicos retidos do parto, permitindo uma aprendizagem do movimento e do controlo do corpo de uma forma mais relaxada e confiante, com um menor esforço físico, permitindo um melhor equilíbrio do bebé, a nível físico e emocional.

 

Caso Clínico:

O Manuel de 6 meses chegou ao consultório escondido no colo da mãe e a choramingar.

A mãe apresentava um ar abatido, olheiras marcadas, pele pálida e pouco brilho nos olhos.

O Manuel era o primeiro filho, mas a alegria imensa de ser mãe tinha sido ligeiramente abalada pela dificuldade que estes meses tinham representado.

Os dias eram muito agitados, o Manuel fazia sestas de 10 minutos, chorava constantemente se não estivesse ao colo e em movimento. As noites eram difíceis, o Manuel acordava muitas vezes aos gritos, sendo difícil de o acalmar e voltar a adormecê-lo.

A amamentação também não era fácil. A pega na mama foi difícil desde o início, causando gretas na mama e a introdução de suplemento alimentar foi necessária na primeira semana devido ao Manuel estar constantemente a chorar e a perder peso.

Sofria de cólicas constantes e obstipação, apenas conseguia fazer cocó quando estimulado.

 

Observação:

O Manuel tinha tido um parto longo e difícil, com recurso a fórceps.

Na observação feita ao colo da mãe e em movimento, notei uma ligeira alteração da forma do crânio na zona lateral e posterior direita, com uma ligeira rotação direita do pescoço.

Apresentava também uma ligeira assimetria da face do lado direito. A respiração era pouco profunda com restrição torácica e um tónus muscular geral tenso e rígido.

Apresentava pouca resposta aos estímulos, dificilmente sorria e tinha um ar franzido.

 

Diagnóstico:

  • Força retida no crânio devido ao parto difícil;
  • Torcicolo direito que levou a uma plagiocefalia de contacto (achatamento e alteração da forma do crânio);
  • Tensão nos músculos sublinguais, mandibulares e cervical anterior (o que explica a dificuldade na amamentação e na sucção no biberões que era feita com muita ingestão de ar);
  • Torção da bacia (devido à necessidade de compensar as forças do torcicolo, levando a uma alteração da motilidade intestinal e a cólicas);
  • Fadiga generalizada do corpo, devido a estar desconfortável e em esforço.

 

Resultados:

Após poucas consultas o Manuel apresentou as seguintes melhoras:

  • Passou a dormir sestas de 2 horas, 2 vezes por dia;
  • À noite ainda acordava mas já sem chorar e voltava a adormecer após o biberão;
  • O sono passou a ser mais tranquilo, deixou de se mexer tanto na cama;
  • Já consegue ficar na espreguiçadeira e na cadeira sem agitação;
  • As cólicas diminuíram e passou a fazer cocó sozinho;
  •  Aumentou de peso.

 

O corpo do Manuel estava bastante desconfortável, o que implicou levando a uns primeiros meses de vida com agitação, ansiedade e dificuldades para todos os membros da família.

Agora já sorri e palra muito. É um bebé feliz.

 

O Manuel sentia-se fisicamente muito desconfortável, o que implicou não só para o Manuel como também para a sua família alguma agitação, ansiedade e preocupação.

Agora o Manuel sorri e palra muito. É um bebé feliz.